Terapia Casal e Família

Não é fácil marcar uma primeira consulta de psicologia. A ideia de falar com um estranho sobre assuntos íntimos, muitas vezes dolorosos, que causam vergonha e sobre os quais nunca se falou, pode até ser assustadora. Por isso mesmo, é normal que algumas pessoas possam evitar ao máximo marcar a sua primeira consulta – podem adiar ou até mesmo recusar uma ida ao psicólogo. Este comportamento é, em si, uma forma de fugir ao problema que está na origem do pedido de ajuda.

É bastante comum que exista algum receio, alguma ansiedade, antes da primeira ida ao psicólogo – é o medo que sentimos antes de iniciar qualquer viagem ao desconhecido, mesmo que seja uma viagem pelas nossas emoções e memórias.

Pensar sobre o momento presente, sobre o que já se viveu ou sobre o que ainda está por vir, não é tarefa fácil e muitas vezes os pensamentos são acompanhados de tristeza, raiva, vergonha ou culpa. Mas esses sentimentos são familiares apo psicólogo e podem ser integrados no processo dinâmico que é a vida de cada indivíduo. Em vez de combate-los, é possível compreender de onde vêm estes sentimentos, percebendo para que servem e qual é a sua função – dando-lhes um nome, é mais fácil perceber o sofrimento actual.

Por vezes alguns pensamentos/emoções causam desconforto, algum tipo de angústia – e alteram comportamentos, interferem na relação com os outros, em casa e no trabalho. A verdade é que um psicólogo pode ajudá-lo a entender e ultrapassar estas dificuldades. Mas o primeiro passo é marcar a consulta.

Algumas pessoas chegam à primeira consulta com uma vaga ideia do que se passa. Outras nem sequer fazem ideia de por onde começar ou se sequer há um princípio. O acesso facilitado à internet faz com que também sejam muito comuns os auto-diagnósticos que em tanto prejudicam o processo psicoterapêutico.

O trabalho inicial do psicólogo na primeira consulta é o da avaliação da pessoa que tem à sua frente – dependendo do diagnóstico, dos sintomas e das queixas, pode ser necessário fazer um encaminhamento para um outro especialista, nomeadamente um psiquiatra para que seja avaliada a necessidade de medicação.

As primeiras consultas são mais longas do que as seguintes porque implicam uma conversa inicial que serve como uma primeira avaliação da situação actual: é, antes de mais, uma sessão que tem como propósito recolher o máximo de informação. O psicólogo vai tentar saber o mais possível sobre a sua história de vida para depois poder fazer uma avaliação e pensar sobre o plano terapêutico.

Para a psicologia, o diagnóstico não é o mais importante. Mais que tudo, interessam as pessoas e as suas histórias, o seu sofrimento e o impacto que este tem no bem-estar pessoal, familiar e profissional de quem está à nossa frente. Mas o verdadeiro especialista é quem marca a consulta, é quem pede ajuda – ninguém sabe mais sobre a história que vai ser contada do que quem a conta.

O psicólogo não é um juíz, nem vai avaliar sobre a bondade das suas acções. O seu trabalho é acima de tudo ouvir a história, procurar compreender as emoções associadas a esses episódios e dar sentido ao que ouviu. Claro que a primeira abordagem é sobre o problema actual – o que o fez marcar a consulta. Mas é necessário viajar ao passado, entender as corcusntâncias de vida que levaram ao momento actual e às escolhas.

Na maior parte das vezes, as pessoas sentem que se esqueceram de contar algo muito importante na sua primeira consulta. É um sentimento normal. Há quem termine a primeira ida ao psicólogo a sentir-se aliviado, assustado, em paz, ainda mais ansioso, esperançoso ou ainda uma combinação de todos estes sentimentos – e ainda mais. As consultas de psicologia permitem estas viagens em nós memsos, onde todos os sentimentos são (re)visitados e novas formas de ser, estar e pensar são descobertas.

No final da primeira consulta, o psicólogo vai tentar definir qual foi o maior problema que encontrou e sugerir um plano para que o mesmo possa ser trabalhado. E aí são várias as hipóteses.



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